27/12/2014

Quando vira nó ,já deixou de ser laço

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Para iniciar a coluna " poema do dia ", escolhi um poema que descobri recentemente.
Esse ano fiz o ENEM e no caderno do segundo dia de prova, havia a seguinte frase: " Quando vira nó, já deixou de ser laço." Gostei muito da frase e fui pesquisar para saber de quem era. Acabei descobrindo que não se tratava de uma frase e sim de um poema! Melhor ainda, de Mario Quintana, um poeta muito estimado.
Aqui está o poema completo:
O LAÇO E OABRAÇO
Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo,
no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
Mario Quintana

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